10 de jan. de 2012

Erguida aos Céus - A Saga de uma Lenda Sem Fim Sob o Olhar de uma Espada

    A Lenda de Zelda completou 25 anos em grande estilo, e, depois de completar o jogo, finalmente eu posso dizer: "The Legend of Zelda - Skyward Sword" é o melhor jogo da década. (E ela mal começou!) Claro, tem seus defeitos, como a maioria dos jogos eletrônicos, principalmente os contemporâneos. Mas é uma experiência tão divertida que compensa qualquer defeito.
    O mais divertido é a sensação de estar assistindo a um grande filme interativo, onde o espectador decide o curso da história e até mesmo escolhe as falas do protagonista. Além disso, como já é de costume na franquia, é um jogo intuitivo e cheio de possibilidades paralelas ao roteiro principal. Para o brasileiro seria até mais justo comparar com uma novela, onde várias tramas se desenvolvem em torno de uma trama maior.
    Mas já chega de rasgar seda. A mídia já fez isso por demais, vamos aos dados.

O que há de ruim:
•    Em primeira instância e sumariamente, o pior do jogo é Ghirahim, o Lorde Demônio. Ghirahim é o vilão da história. Só. Além de ser medíocre como personagem (dramaturgicamente falando), ele não oferece nenhum desafio real ao jogador. De fato, como Boss, ele é ridiculamente fácil e incrivelmente chato. Toda a dinâmica de batalha contra Ghirahim é construída em torno da habilidade do jogador de adaptar-se ao controle do herói. (E olha que falaram mal do Skull Kid!)
•    O jogo foi lançado no mercado com uma falha gravíssima: É dada ao jogador a oportudidade de escolher seu curso em uma das quests, mas esta oportunidade é somente virtual, pois, caso você escolha uma opção específica primeiro, as outras travam e o jogo acaba antes do fim. E você nem perdeu todos os seus coraçõezinhos! Game Over! (Que coisa feia Nintendo! Ainda bem que existe internet, né?)
•    Os comandos do jogo são mais precisos que o próprio controle (pra quem não sabe, é o Wiimote Plus, desenvolvido para reproduzir os movimentos com mais precisão), fazendo com que alguns dos movimentos não sejam reproduzidos corretamente no jogo. E não dá pra esperar que qualquer pessoa jogando Skyward Sword mantenha o lado inferior do Wiimote centralizado no umbigo.
•    Demise, o último "Chefão", só é chefão no título. Apesar de ser até divertido (diferente do Ghirahim, coitado), Demise é tão fácil quanto o vilão da história. (E eu achando que ia levar horas pra matar... Deu nem cinco minutos.)
•    O modo de vôo do jogo enfrenta os mesmos problemas de qualquer comando do Wiimote, mas com um detalhe a mais: é completamente desnecessário. O jogador precisa ter um grande controle de seus eixos para não inclinar o Wiimote ao movimentá-lo, e qualquer movimento gera reações enormes no jogo. O mesmo vale pro modo de natação, que não prevê todas as rotações do controle.
•    O escudo sacudindo o Nunchuck? É sério isso? Já não basta aquele cabo infeliz que a gente tem que aturar e limita todos os movimentos, a gente ainda tem que sacudir o Nunchuck pra armar o escudo O TEMPO TODO. Por quê não botou os escudos nos controles digitais que sobraram? (Ou mudou o modo de busca pros digitais e manteve o escudo no C? No Twilight Princess funcionou bem.)
•    Link (o herói) não dá um passo sequer enquanto usa a espada. Ainda bem que é igual para os monstros e chefes. Já pensou, ia ficar mais chato ainda!
•    A rede de capturar insetos, que, em muitas vezes, parece que só balança da esquerda pra direita.

O que há de bom:
•    Sim, o jogo é divertido. Você não conhece Zelda, nunca ouviu falar em Link e sequer sabe o que é uma Ocarina? Não tem a menor importância. Sua experiência vai ser divertida e excitante, digna de perder a hora na frente do videogame. Mas para o fã da franquia, ou de qualquer dos jogos com a marca Zelda, a diversão é ainda maior. Isso porquê o jogo é uma coletânia do que há de melhor na saga. Você vai se divertir, e até se emocionar, ao identificar no jogo elementos e até mesmo fases do seu jogo favorito. E esse é talvez o ponto mais alto do jogo: é uma experiência incrível que pode ser muito melhor!
•    O roteiro do jogo é certamente o mais bem elaborado que eu já testemunhei em blockbusters. Consegue ser melhor e mais consistente que o do melhor jogo da franquia. (Sim, Ocarina of Time ainda é o melhor jogo da franquia.) Atiça a curiosidade do jogador e, combinada à estrutura interativa incluída na dinâmica do jogo, impulsiona-o a continuar jogando, só pra ver no que dá. Claro, quem conhece Zelda já sabe bem no que vai dar, mas a sensação é a mesma.
•    Apesar da parte física ser tão precária, a parte lógica da jogabilidade é indescritível de tão boa. Intuitiva seria o termo adequado, mas eu acho pouco descrevê-la apenas como intuitiva. Algumas das missões (vulgo quest) requerem muita paciência, outras somente velocidade, umas um pouco de boa memória, e por aí vão as missões, numa variedade infinita de formatos, tornado tudo no jogo uma grande surpresa. Às vezes boas, às vezes ruins, mas sempre fantásticas.
•    A trilha sonora orquestrada.
•    O modo de gerenciamento de itens vem com algumas peculiaridades. A primeira é a possibilidade de evoluir a capacidade de portar itens. Mesmo limitando um pouco a utilização de itens, não deixa de ser interessante. Um pouco estranho pra quem já é jogador de Zelda. A segunda é a possibilidade de aprimorar, refinar e consertar itens. Com os ingredientes certos, você pode transformar seu arco de madeira em arco de ferro ou sua poção de preencher oito coraçõezinhos numa que preenche todos os coraçõezinhos.
•    O indicador de energia (stamina), que traz um pouco mais de adrenalina ao jogador. São vários os momentos em que Link precisa atravessar areia movediça ou escalar uma trepadeira antes que a energia acabe.
•    As dublagens de vozes, divertidas como sempre, e as reações inesperadas dos NPCs em vários momentos do jogo. Sério! Tem um bicho fofo que é assustador!
•    Mesmo sendo irritante em alguns momentos por causa dos controles mal-resolutos, voar é uma experiência fantástica e completamente distrativa. É uma ótima opção pra quem está cansado de simuladores de vôo e deseja variar um pouco.
•    A incrível concepção gráfica que, mais uma vez, contraria os fãs de jogos eletrônicos e, mais uma vez, deixa qualquer um de queixos caídos. Na tela ela parece simples e bem modesta, mas isso quando você vê o jogo sem considerar os movimentos e alterações de luz, sem se dar conta que o jogo acontece e é executado, de fato, em três dimensões, mesmo que a aparência seja tão cartunesca.
•    Cenários e personagens ricos em detalhes, tanto gráficos como lógicos. Quase todas as personagens oferecem mais informação que a necessária para o jogador. E se você acha que isso é ruim, é porque nunca foi atirado alçapão afora de uma loja voadora somente por não comprar nada!
•    Quando você completa a aventura e assiste o encerramento até o fim, o jogo pergunta se você deseja começar tudo de novo e jogar no Modo Heróico. (Fãs de Grand Chase, erguam as mãos!) O quê? Começar tudo de novo, com mais dificuldade ainda!? CLARO QUE ACEITO! Diversão em dobro pra quem realmente gosta de jogar.
•    Acompanhar a história de uma espada é, no mínimo, uma experiência inusitada. Acompanhar a história de uma espada lendária transformando-se em outra espada ainda mais lendária, ah!, isso é impagável! Vale todos dos 174 reais que você gastar no jogo.

    E fica o povo dando nota pro jogo. 10 de 10. 6 de 6.  8 de 8. E porque eu não daria a nota máxima também? Simplesmente porque não existe nota máxima pra nada que é bom. Como eu apontei aqui, o jogo tem muitos defeitos. (Isso sem falar nos que eu não disse de tão menores!) Aí você me pergunta: e que nota você daria então?
    Eu? Eu não daria nota nenhuma! Obras como Skyward Sword dispensão notas convencionadas por reles mortais, pois qualquer obra-prima está acima disso. E, sim, "The Legend of Zelda - Skyward Sword" é uma obra-prima.

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