16 de out. de 2010

O Minotauro (Prólogo)

 

[Templo de Posseidon. Fim de tarde. Minos entra no templo, usando roupas para se disfarçar e esconder seu rosto. O templo está vazio, só se ouve o barulho do mar. Minos se aproxima do mar até cobrir os pés de água e faz uma breve reverência.]

MINOS:

[cabeça erguida, agonia]

 

Eu quero ter poder.

 

Eu quero justiça.

 

Meu futuro não pode ter rastros de cobiça.

 

Um é muito sério.

 

O outro desatina.

 

Radamanto e Sarpédon não são boas crias.

 

Deuses me entendam!

 

Deuses me saciem!

 

Digam, por favor, o que será de minha vida!

 

[Posseidon emerge do mar, caminhando em direção a Minos. Ele parece entediado e gélido e geme cada vez que expira. Sua roupa é feita de água e espuma do mar. Caminha olhando no fundo dos olhos de Minos. Pára com seu nariz a um centímetro do nariz de Minos.]

POSSEIDON:

[A voz borbulha, como quem gargareja água. Tosses.]

 

Tolo insolente!

 

Pecador mesquinho!

 

Achas mesmo que não és bem quisto em teu ninho?!

 

[Minos revela seu rosto. Está banhado em lágrimas, que ainda escorrem de seus olhos.]

 

De ti tenho asco!

 

A ti repudio!

 

Rejeitas tua família e teu poderio!

 

[O mar se agita.]

 

Sei que queres Creta!

 

Está em teu rosto!

 

Faças por merecer o pedido a mim imposto!

 

[Minos interrompe o choro. O mar se agita mais. Posseidon crava o tridente na areia.]

MINOS:

Eu preciso ter certeza. Um sinal basta...

POSSEIDON:

Pois bem, mortal. [Pausa] És filho de Zeus, então farei algo por ti. [Pausa] Se teus desejos forem atendidos, te enviarei um touro branco. [Pausa] Mas quero que o sacrifiques de volta, é um touro pelo qual tenho alta estima.

MINOS:

Você cria touros?

POSSEIDON:

[Agora, ofendido.] Me tratas como um qualquer, mortal, mas isto não significa que sou um qualquer. Sabes muito bem que sou um deus e que tenho poderes sobre ti! E se realmente queres saber, estimo o touro por sua magnífica beleza e formosura! Ele é o mais belo adorno de meu lar![Pausa. Agora, gélido.] Quando o sacrificares em meu favor, ele retornará automaticamente ao lugar de onde veio.

MINOS:

Se o sacrificar!

POSSEIDON:

Não sejas atrevido Minos! Se não o sacrificares, pagarás um preço muito alto!

MINOS:

Eu quis dizer que talvez ele não seja enviado, tio.

 

[Posseidon recobra seu tridente. O mar se enfurece ainda mais. Posseidon dá de costas com Minos e começa a voltar pro mar.]

POSSEIDON:

Eu ainda não sei por que eu perco meu tempo contigo. Não aprendes, e nunca aprenderás. Um dia pagarás por teu despeito.

MINOS:

[Entediado.] Não sei pra quê essa presepada toda.

POSSEIDON:

Pelo drama que estavas fazendo, não é difícil compreender porque não entendes! Tens que dar às coisas os valores que elas têm! Se continuares tentando completá-las, perderás tudo que tens.

MINOS:

Mas eu dou às coisas o valor que elas têm pra mim!

 

[Posseidon pára e o mar se acalma.]

POSSEIDON:

Estou falando dos VALORES que elas realmente têm, Minos.

 

Achas mesmo que não és bem quisto em teu ninho?

 

[Posseidon continua a afundar no mar, caminhando em direção ao horizonte. Minos volta a ocultar seu rosto e sai do templo]

MINOS:

Será que eu serei mesmo o rei algum dia?

 

 

 

[Cnossos: jardim do mar. Manhã. Muito barulho e grande movimentação de pessoas; alguns bezerros e vacas passeando pela planície. Minos e Pasífae namorando numa inclinação. Minos está deitado sobre Pasífae. Uma das mãos dele apertando e acariciando as coxas dela, por baixo da saia. A outra segurando a nuca de Pasífae pelos cabelos. Ela, por sua vez, põe as duas mãos dentro da calça de Minos, apalpando suas nádegas, enquanto ele lhe beija o pescoço. O barulho vai diminuindo até tornar-se silêncio. As pessoas e os animais na planície se dirigem, aos poucos, para o mar. Pasífae interrompe Minos, confusa com a mudança na movimentação e com o repentino silêncio. Minos olha para ela, enquanto ela olha para as pessoas aglomeradas em um certo ponto do mar. Minos olha pra a aglomeração, agora também confuso, levanta e ajuda Pasífae a levantar. Ambos se dirigem à aglomeração.]

VOZES:

Mas como é possível!? – É um presente dos deuses! – Ele saiu do mar? – É lindo! – Mas o que significa isso? – De onde ele veio? ...

MINOS:

[Abrindo passagem na aglomeração, guiando Pasífae pelo braço.] Com licença, com licença... [As pessoas abrem caminho para Minos e revelam a ele um belíssimo touro branco, parado à margem do mar. Minos pára, espantado. Pasífae se livra de Minos e corre para o touro, maravilhada. Depois de alguns segundos tentando entender o que aconteceu, Minos sorri, depois solta uma gargalhada. Pasífae, olha para ele como quem pergunta “o que foi?” e ele se aproxima dela, eufórico.] É o sinal dos deuses, paixão! É ele!

PASÍFAE:

[melancolia súbita, pesar.] Mas ele precisa mesmo ser sacrificado?

MINOS:

Bom, não foi determinado quando ele deveria ser sacrificado. Acho melhor esperar até que meu desejo se cumpra...

PASÍFAE:

Mas... ele é tão...

MINOS:

[Interrompe Pasífae.] Minha cara, eu posso dar um jeito para que ele não parta, se esse for o seu desejo.

PASÍFAE:

[Eufórica] Mas como você fará isso?

MINOS:

Eu sou parte da família, esqueceu?

PASÍFAE:

[Desapontada] E desde quando isso significa alguma coisa? Eu acho melhor que você arranje outro jeito de permanecer com ele...

MINOS:

[Desiludido] Eu vou pensar no seu caso, minha cara...

 

[Minos abraça Pasífae pela cintura enquanto eles admiram o touro. Pasífae se livra novamente de Minos e abraça o touro, enquanto as pessoas ao redor os contemplam.]

 

 

 

[Cnossos: jardim do mar. Fim de tarde. Pasífae se entretendo com o touro na planície. Minos e Sarpédon caminhando na margem do mar.]

MINOS:

Eu até gosto do carinho dela pelo touro. Mas ela não faz mais nada além de ficar o dia inteiro grudada nesse bicho. Quase um mês assim...

SARPÉDON:

Sacrifica ele de uma vez então! Você já deveria ter feito isso. Papai já disse que você herdará o trono!

MINOS:

Mas eu não tenho coragem! [Pausa. Eles observam Pasífae e o touro.] Ele é tão magnífico!

SARPÉDON:

Bom, eu devo admitir que ele é incomum. [Pausa] Esse bicho até parece humano. [Pausa] Contudo é melhor que você sacrifique-o assim que te tornes rei. Você não vai querer enfrentar a ira dos deuses, não é?

 

[Minos e Sarpédon continua a caminhada até desaparecerem com a noite. Pasífae se diverte com o touro. Em pouco tempo, tudo fica vazio e silencioso. O touro olha ao redor, olha para Pasífae e ela sorri. Com um forte clarão de luz branca, o touro se transforma em Zeus (nu, como o touro), e Pasífae corre para abraçá-lo.]

PASÍFAE:

Achei que não ias mais te transformar. Ficou tão tarde...

ZEUS:

Tu bem sabes que não poderia perder um dia sem ti! [Beija a testa de Pasífae.] Vais me dar o que quero hoje?

PASÍFAE:

Por que não me tomas o que queres a força? Não és o todo-poderoso-rei-dos-deuses?

ZEUS:

Gosto das minhas conquistas. Não teriam graça nenhuma se as forçasse a fazer o que não querem.

PASÍFAE:

E quem te disse que não quero?

ZEUS:

Bom, nesse caso... não precisarei forçar-te a nada. [Beija Pasífae e caem lenta e suavemente no chão. Enquanto beija Pasífae, com uma mão Zeus levanta a saia de Pasífae, abre as pernas da moça e se posiciona entre elas. O tempo passa. No céu não há nuvens escondendo nenhuma estrela. Do palácio ecoa um berro de dor de Europa. Pasífae levanta-se, assustada, e olha para Zeus, ainda deitado no chão. Ele faz “que sim” com a cabeça, sorri, e Pasífae corre desesperada para o palácio.]

 

 

 

[Cnossos: quarto do rei. Morto, estirado no chão, atravessando a porta, está o Rei Asterião. Ao lado da janela do quarto, chocada, está Europa, com as mãos em volta do pescoço. Sarpédon é o primeiro a atender aos gritos da mãe. Chega esbaforido, se choca ao ver o Rei estatelado no chão, pára subitamente e, também subitamente, cai sentado no chão. Alguns criados começam a aparecer. Minos vem correndo pelo corredor e também pára subitamente ao ver o Rei no chão. Se aproxima do Rei, cautelosamente, se abaixa ao seu lado e fecha os seus olhos.]

MINOS:

Isto é o que você deveria ter feito, Sarpédon. E o que eu farei agora também. [Levanta e segue calmamente em direção à mãe, tira suas mãos do pescoço e abraça-a. Europa chora diluviosamente.]

RADAMANTO:

[aparecendo na porta do quarto] Esse alvoroço todo só porque o velho morreu? [Sarpédon olha para Radamanto, chocado.] Sinceramente, ele vai ficar muito melhor nos Elíseos daqui a algumas horas! [Sarpédon pula em cima de Radamanto e crava as mãos em volta de seu pescoço. Radamanto luta contra o ataque do irmão através de socos e pontapés muito bem dados, mas Sarpédon resiste com as mãos em volta do pescoço do irmão.]

PASÍFAE:

[Chega correndo e logo se enfia entre os dois irmãos brigando.] O que deu em vocês? Vocês dois! O pai de vocês acabou de morrer!

RADAMANTO:

[grita] Ele não é meu pai!

PASÍFAE:

[grita] O Rei de vocês acaba de morrer! Sejam razoáveis!

SARPÉDON:

Como você, que passa o dia brincando com aquele touro?

PASÍFAE:

Bom, eu estou aqui agora, não estou?

MINOS:

Vocês dois, não aticem mais a minha raiva, pois eu juro que mato vocês!

 

[Silêncio. Pasífae atravessa o quarto, separa Minos de Europa, senta Europa na cama, senta-se ao lado dela, apóia a cabeça de Europa em seu colo e afaga-a.]

SARPÉDON:

Aproveite agora Minos. Desconte sua raiva. Os deuses não vão esperar mais. [Minos encara Sarpédon de longe por alguns segundos, depois atravessa o quarto até Radamanto.]

MINOS:

[para Radamanto] Você vai ficar encarregado do corpo do Rei Asterião. [para Sarpédon] Venha, vou precisar de tua ajuda. [Sarpédon levanta e sai com Minos.]

RADAMANTO:

Muito bem, acabou a algazarra. Eu quero todos os criados homens desse palácio me acompanhando agora. Mexam-se! Os que já estão aqui, ergam do chão o Rei Asterião. [Enquanto criados erguem o Rei Asterião do chão, atravessa o quarto até alcançar Europa.] Algum desejo especial ou necessidade particular mãe? [Europa faz “que não” com a cabeça.] Então vou me despedir dele por você, tudo bem?

EUROPA:

Não... [pausa] Vá preparando as coisas, meu filho. Logo estarei contigo. [Radamanto faz “que sim” com a cabeça e sai, seguido pelos criados que carregam o Rei Asterião. Europa torna a sentar-se ao lado de Pasífae e olha no fundo dos olhos dela.] Não é a primeira vez que ele faz isso, meu bem. Hera deve estar uma fera o procurando. É estremecedor arriscar ser alvo da cólera de Hera, mas vale a pena se você tiver filhos com ele. Todos os filhos mortais que ele teve e tem são pessoas formidáveis.[Levanta e segue andando através do quarto.]

PASÍFAE:

Como... como a senhora sabe?

EUROPA:

[Pára na porta, de costas para Pasífae.] Você se esqueceu que ele também já foi meu touro? [caminhando fora do quarto] E ele me deu filhos formidáveis!

 

 

 

[Templo de Posseidon. Noite. Minos e Sarpédon trazem um touro branco e o posicionam no altar de sacrifícios, à margem do mar. Sarpédon segura o bicho enquanto Minos corta a cabeça do touro com uma espada. O touro evapora assim que é degolado.]

SARPÉDON:

Você acha mesmo que isso vai dar certo, Minos?

MINOS:

É só um adorno no jardim dele. Ele nem vai notar a diferença.

 

 

 

[Cnossos: quarto de Minos e Pasífae. Madrugada. Pasífae e Minos dormem juntos no chão, sob uma espessa colcha. Uma névoa rosa surge no quarto. Se espiraliza no chão e vai crescendo, ganhando altura humana. Ganha espessura rapidamente e desaparece com uma forte rajada de vento proveniente o centro da espiral de névoa, revelando Afrodite. Ela caminha até a cama do casal, à procura de alguém.]

AFRODITE:

[procurando pelo quarto] Mas não é possível. Onde está aquela vaca de Zeus? E o cretino do marido dela, onde está também? Ah, aqui estão eles! [Pára diante do casal e adentra-os.] Isso vai ser divertido! [Flutua sobre Pasífae, deitada, encarando o seu rosto.] Que bom que as Moiras me disseram que você está grávida meu bem! E tem tanto tempo que não fuço a beleza dos mortais germinando! Acho tão divertida a reação que vocês têm quando se deparam com minhas obras! [Ergue-se no meio do quarto.] E agora, que será que farei? Não posso simplesmente fazer um monstrinho! Tem que ser uma deformidade genial!

ZEUS:

[sentado na janela do quarto] E se não for deformidade?

AFRODITE:

Ai, Zeus! Você me assustou! [pausa] Como assim?

ZEUS:

Você governa a beleza corporal! Pode dar aos humanos o corpo que você quiser! [Pausa. Afrodite confusa.] Mesmo uma forma animal!

AFRODITE:

[eufórica] Mas que idéia genial meu caro! Sim, sim. Nenhum castigo será melhor para o pobre Minos que gerar um pequeno bezerro!

ZEUS:

Você leu meus pensamentos Afrodite!

AFRODITE:

Que nada! Só tive a mesma idéia depois de sua sugestão!

ZEUS:

Na verdade, o castigo será bem maior do que você pensa, minha cara. Não se esqueça que ela agora vive com um touro...

AFRODITE:

Zeus, você não presta!

ZEUS:

Eu faço o que posso para ser justo. [Pausa. Rindo, acompanhado das gargalhadas de Afrodite.] Mas eu preciso brincar também não é?

AFRODITE:

Pois bem! Este será o castigo! [Se aproxima de Pasífae.] O humano no ventre desta mulher se tornará um belo touro, em todas as mais preciosas formas que um touro pode ter. [Beija a testa de Pasífae. Segue ao encontro de Zeus.] Hera está cuspindo fogo, Zeus!

ZEUS:

[rindo] Ela deveria mudar o nome dela para Fera!

AFRODITE:

[Acompanhando Zeus para fora do palácio, pela janela.] Você tem que dar um jeito nisso. Ela já está dando muita dor de cabeça lá no Olimpo! Ninguém agüenta mais!

 

 

 

[Cnossos: sala do trono. Manhã. Entra Minos, acompanhado de criadas ensangüentadas.]

CRIADA 1:

Não é culpa nossa, senhor!

CRIADA 2:

E comé que nóis ia fazê uma coisa dessas?

MINOS:

E como é que aquela aberração foi parar lá?

CRIADA 1:

Se você quer saber, eu acho que ela tem andado demais com esse touro! Isso é influência dele!

CRIADA 3:

[desesperada] Pois eu digo mesmo que é mesmo filho daquele touro! Eu sempre achei mesmo que ela estava mesmo fazendo...

CRIADA 2:

Aff, garota! Cala essa boca! Isso lá é coisa que se diga da rainha?

MINOS:

Vocês querem parar com esse alvoroço amo meu redor!

CRIADA 4:

[séria] Isso é castigo dos deuses! [A expressão de Minos muda.] A senhora Pasífae não fez nada pra merecer isso, eu tenho certeza que não! Foi uma brincadeira de muito mau gosto essa que fizeram com ela! Foi sim, de muito mau gosto!

MINOS:

Ela não fez nada, mas eu fiz. [Pausa. Chora.] E é melhor que eu arque com as conseqüências dos meus atos! Terei de cuidar para que esta criatura possa levar uma vida digna. [Pausa. Mais choro.] Darei a ele o nome de meu pai!

CRIADA 2:

Oxe, o senhor vai chamá o bichinho de Zeus é?

MINOS:

O nome de meu pai é Asterião! [pausa] Ele foi o melhor rei de Creta.

CRIADA 4:

Não, não. Ele foi o segundo. O senhor é o melhor rei

MINOS:

O melhor rei de Creta... Enfim, eu mereço ser castigado...

 

 

 

[Cnossos: quarto de Minos e Pasífae. Manhã. Pasífae está deitada na cama, descoberta e nua, aninhando Asterião em seus braços. Olha bem fundo nos olhos do bebê, cantando uma canção de ninar. As criadas voltam para o quarto.]

CRIADA 4:

Senhora, precisamos lavar o bebê.

CRIADA 1:

E a senhora também precisa de um banho, viu!

CRIADA 2:

E os lençol também.

PASÍFAE:

Tá. Vocês podem me dar só mais um tempinho a sós com meu filho? [Criada 4 faz “que sim”.] Obrigada. [As criadas saem, sob protesto da Criada 3, que sai resmungando com elas. Pasífae volta a admirar Asterião.]

CRIADA 3:

[saindo] Imagina! Dar a essa coisa o nome de Asterião. É um insulto à memória do rei, isso é o que é!

PASÍFAE:

Seu pai permitiu que isso acontecesse... mas você é lindo assim mesmo, meu filhote. A coisa mais linda do mundo!

 

Vejo em você todo o luxo de Creta.

 

Sinto em você todo o poder de Creta.

 

[Acaricia o rosto do bebê]

 

Sei que você guarda toda a força de Creta.

 

Não importa o que façam a você, ou digam a seu respeito: você sempre será formidável, pois você é divino! Nenhum deus pode mudar isso. Eu cuidarei para que você seja a melhor pessoa do mundo!

 

E o mundo vai ouvir sua lenda em Creta!

 

E você será muito feliz. Meu pequeno Asterião!


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